sexta-feira, 11 de junho de 2010

O desenho, a fala e a escrita



Através de um estudo realizado por Edith Derdyk, este pretendeu mostrar como as crianças reagem quando elaboram um desenho e quando o terminam. Uma das suas perspectivas é que a criança quando inicia um desenho murmura, solta gritos, canta ou conta o que desenhou, ou então, não tem paciência e reflecte acções negativas, como bater o pé, mudar de posição, entre outras.
Após terminado o desenho com base na sua imaginação, a criança avalia-se, expondo o seu desenho e demonstrando o seu agrado ou desagrado sobre o mesmo (se é bonito ou feio). Outra das características descobertas nesse estudo é que a criança vai sempre renomeando a sua criação, ou seja, no início o que era um carro passa a casa, sendo notório um enriquecimento na interpretação verbal feita pela criança do que no seu próprio desenho.



Relativamente à aquisição da fala, esta propicia uma nova relação da criança com o universo, com os objectos, com as experiências ocorridas (situações do quotidiano) e com os seres. Quando a criança possui uma faixa etária diminuta, os objectos, aos seus olhos, só existem se estiverem à sua frente, em contacto com elas. Todavia, se desaparecerem, não estiverem ao seu alcance visual, estes acabarão por deixar de existir.
Para a criança o sentido da palavra tem um valor inimaginável, representando tudo o que a rodeia. Assim, quando a criança inicia a fala, esta vê-a como um instrumento de expressão, onde poderá exprimir os seus medos, angústias e emoções.
Desenhar e falar são duas linguagens que interagem, duas naturezas representativas que se confrontam e exigem novas operações de correspondência.




A linguagem verbal e a linguagem gráfica associam-se a uma natureza mental, em que cada uma apresenta a sua especificidade e a sua forma particular de participar numa imagem, numa ideia ou num conceito.
Estes dois tipos de linguagem propiciam na criança várias competências, nomeadamente, não só aos níveis verbal e gráfico, mas também ao nível motor. Fazendo assim com que a criança desenvolva as suas capacidades físicas (motricidade fina) e promovendo uma interacção com os diversos objectos que poderá utilizar para exprimir a sua imaginação graficamente.
Outra componente muito importante é a escrita, que através da exploração do desenho (da grafia), a criança desenvolverá aptidões e compreenderá como é que as palavras que pronuncia serão representadas graficamente.
Concludentemente, cada uma destas vertentes são unidades cruciais para o desenvolvimento de competências na criança.



“A linguagem e o desenho constituem o mais seguro caminho para atingir à estrutura do pensamento infantil, à marcha do seu raciocínio, às formas da sua lógica”.
Rasmussen (apud RABELO, 1943 p. 192); livro Psicologia da Infância

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